quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

FUGA

Não se apagaram as luzes,
Apenas me turvei na rotina.
Não cessou a canção,
apenas ensurdeci meus sonhos.
Não calaram os elogios,
Eu sim fugi deles,
Dizendo serem falsos.
Não adormeceram os afagos,
Apenas me safei, fugi do deleite
Com medo da vida,
Joguei-me em um posso
Tapei os olhos,
Os ouvidos,
E me recostei ao barranco,
omo um cão foragido
Dos outros,
De todos
De mim...

A vida

A vida é feita de idas e vindas


De inícios e fins

De chegadas e partidas, como num nascer e morrer,

Num querer e não poder, num existir e desistir,

Num grito que morre na garganta

Tomada por silêncios

Em músculos doloridos esperando alivio,

Em ossos quebrados pela realidade

Em curas advindas de sonhos

De infinitas fantasias

Que vestimos e despimos

Uma a uma

Trapos rasgados

Pedaços de quimeras

Flores mortas

Reinicio de primaveras!!

A vida essa menina traquina

Brincando de esconde-esconde

De amarelinha

De bruxa,de rainha

Usando utopias

Sonhos imensos

Reduzidos a ninharias!!!

A vida doce,serena, as vezes

Como o lamber de um cão

O ladrar amigo, a certeza de ter chegado

E ser recebido no portão, com um riso...

A vida esse valer a pena

Esse corte profundo nas veias

O sangue que escorre

Mas não aniquila.

Entre tormentas e avarias

A vida que vive e vibra

Apesar de todos pesares

Na rima da poesia!!!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA COM LEONARDO BOFF




Leonardo Boff nasceu em Concórdia, Santa Catarina, Cursou Filosofia em Curitiba-PR e Teologia em Petrópolis-RJ. Doutorou-se em Teologia e Filosofia na Universidade de Munique-Alemanha, em 1970. Ingressou na Ordem dos Frades Menores, franciscanos, em 1959.Durante 22 anos, foi professor de Teologia Sistemática e Ecumênica em Petrópolis, no Instituto Teológico Franciscano. Professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo e universidades no Brasil e no exterior, além de professor-visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e Heidelberg (Alemanha).Esteve presente nos inícios da reflexão que procura articular o discurso indignado frente à miséria e à marginalização com o discurso promissor da fé cristã gênese da conhecida Teologia da Libertação. Foi sempre um ardoroso defensor da causa dos Direitos Humanos, tendo ajudado a formular uma nova perspectiva dos Direitos Humanos a partir da América Latina, com "Direitos à Vida e aos meios de mantê-la com dignidade". É doutor honoris causa em Política pela universidade de Turim (Itália) e em Teologia pela universidade de Lund (Suécia), tendo ainda sido agraciado com vários prêmios no Brasil e no exterior, por causa de sua luta em favor dos fracos, dos oprimidos e marginalizados e dos Direitos Humanos. É autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos.

Entrevistador: O que o senhor acha a respeito do desaparecimento das Sete Quedas para dar lugar a uma usina hidrelétrica?

Leonardo: Se houvesse a consciência ecológica que nós temos hoje, isso não teria acontecido, não haveria uma usina tão grande, não destruiriam as Sete quedas, fariam usinas menores que teriam o mesmo efeito, eu participei do movimento pela preservação das Sete Quedas, mas era uma fase de militarismo, onde o povo não era ouvido, perdemos a luta.

Entrevistador: O senhor crê que os políticos que comandam nosso país, têm realmente consciência ecológica?

Leonardo: Percebo que eles têm grande dificuldade de consciência ecológica, pensam apenas em termos de crescimento, desflorestamento, aplicação de agrotóxicos e todo crescimento sem consciência produz desigualdade social, privilegia os grandes proprietários em detrimento dos pequenos. A maioria tem uma mentalidade velha,existem alguns que realmente tem consciência, como Marina Silva, e outros que podemos ter certeza de suas ações a respeito de um meio ambiente equilibrado,mas a grande maioria são insensíveis em preservar o meio ambiente,não apóiam políticas de sustentabilidade.

Entrevistador:Qual sua opinião a respeito da violência nas escolas?

Leonardo: O Brasil precisa de uma revolução que nunca foi feita, isso implica em vencer o atraso em termos tecnológicos e desigualdade social. A violência existe na escola porque esta na sociedade, a elite foi escravagista e continua escravagista, despreza o que é do povo, vive do clientelismo, do desprezo, não primam a qualidade de vida, continuam achando que o povo deve ser escravo e servi-los. Sempre foi assim e continuam com esta mesma mentalidade. A escola reflete a violência na família, na sociedade. A família trata com violência os filhos e a escola é vítima, mais que causa. Quando a sociedade se tornar humana, respeitando a todos, a violência será diminuída e o mundo será melhor.

Entrevistador: Deixe uma frase para encerrar e para que possamos refletir.

Leonardo: “O que deve ser tem força, o que deve ser é vida,ela nunca foi extinta, houve degradação, devastação e maus tratos, mas a vida sempre permaneceu. A vida é o que temos de maravilhoso,a vida é o supremo dom do criador, por isso ela persiste apesar de tudo...”.

Maria Jose Amaral.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

VIVENDO E APRENDENDO...

Assim é a vida, será sempre assim a vida. Chega uma fase em que passamos a amar os livros e os cães.

Os livros não mentem suas histórias no máximo nos ludibriam, nos entorpecem, mas não nos enganam. Através de um livro vou além e consigo voltar sem estar ferida por dentro, consigo ser eu mesma, mesmo após ter chorado fecho o livro e volto inteira a mim mesma.

Os livros nos falam verdades que às vezes, mentira, são belas, atraem, mas não traem por isso minha paixão pelos livros, meu amor pelos livros, eles mentem, mas não cravam nossa alma com nenhum punhal a dor é amena, superficial.

As pessoas não são como os livros, escritos, sacramentados, que podem ser abertos e lidos integralmente. As pessoas têm reservas, segredos, mentiras ocultas que não caberiam numa página...

Os cães também são sinceros, na bondade e na maldade. Se nos admiram, falam conosco, nos tocam, nos olham nos olhos, nos abanam a calda, falam com os movimentos das orelhas e se calam na hora certa...

Se não nos amam nos mordem, nos agridem, porém dão seu recado com sinceridade.

Já as pessoas, elas se fecham, não achamos suas páginas, não sabemos onde e nem quando vão nos morder, nos atacar, nos trair...

Por isso minha paixão pelos livros e pelos cães e minha atual admiração reservada pelo ser humano.

Tenho reservas com relação a alguns seres humanos, que em alguns momentos podem nos ludibriar, porém não tenho dúvidas quanto à fidelidade dos cães...